Um caso famosíssimo
admirável,
Uma vitória ao mundo
estranha e nova,
Um sucesso feliz jamais visto
Em transes arriscados e
sangrentos,
Canto com alta voz; canto
a força
O ímpeto furioso,
ousado e fero
Da Christiana gente, o
vencimento
Da armada otomana, aqui
rendida.
Jeronimo
Corte-Real
Os otomanos desde o séc. XIV, vinham invadindo o leste da Europa, sem que os eslavos, nos balcãs, os pudessem conter. Em 1529, eles haviam varrido a Europa Oriental e bateram as portas de Viena com a cumplicidade e estupor frances, e a inação do resto dos reinos continentais, não fossem os espanhóis, que, heroicamente, salvaram Viena, e por desiderato toda Europa.
Novamente, em 1538, o Império Espanhol é chamado a intervir, agora nos balcãs, para conter terror mulçumano no que resultou na batalha de Castelnovo, quando apenas 4 mil espanhóis afrontaram uma força de 50 mil mulçumanos, repetindo o feito de Termopilas, em transes dramáticos e heróicos.
Contudo, os otomanos, continuavam aterrorizando o Mare Nostrum em toda a sua extensão, saqueando os pisanos e genoesos, escravizando dezenas de milhares de cristãos capturados nos seus assaltos nas costas. A situação era insustentável e o fluxo de mercadorias pelo Mediterrâneo desabou por esta multidão de mulçumanos agindo impunimente.
Em 1570, os Turcos-otomanos invadiram a ilha de Chipre, então possessão de Veneza. Enfraquecidos por anos de luta contra os turcos, a República de Veneza recorreu ao Papa, já que o domínio mulçumano sobre Chipre daria aos turcos o domínio do Mediterrâneo.
O Papa Pio V alertou aos reinos católicos, da iminente invasão otomana à ilha de Chipre, não obtendo êxito, por enfrentarem problemas internos em seus países decorrentes da reforma Protestante. Enviou D. João de Áustria, que veio a ser o comandante da Liga Santa, à Itália, onde recebeu voluntários dos Cavaleiros de Malta, que haviam recebido ajuda financeira de Pio V quando este assumiu o papado em 1566, das marinhas da República de Veneza, Espanha e dos Estados Papais, conseguindo montar uma esquadra de 208 galés e 6 galeaças (navios a remos com 44 canhões), surgindo assim a chamada Liga Santa. Em 16 de set. de 1571, a Liga Santa partiu da província de Messina rumo a Corfu.
Esta frota enfrentou 230 galés turcas ao largo de Lepanto, na Grécia, a 7 de out. de 1571. Foi a maior batalha naval desde a Batalha de Áccio, e que pela última vez, se utilizou as galeras como meio naval.
Ao seu final, na tarde do dia 7 de outubro, em apenas 12 horas de combates, resultou na mais mortífera batalha naval de todos os tempos, em uma vitória avassaladora das forças católicas. Mais de 30 mil mulçumanos tiveram como sepultura o fundo das águas do golfo de Lepanto na costa grega, ao seu fim, o mar estava, por quilômetros, tinto de sangue. Doze mil escravos cristãos foram libertos, tendo morrido 7.5 mil cristãos, e a perda de 12 galés. Entre os mulçumanos, as perdas foram de 30 mil mortos, e 3.486 prisioneiros, com a perda de 240 navios.
Desde então, a data: 7 de Outubro, é comemorado pelos católicos desde 1571 como o dia de Nossa Senhora do Rosário. Pois antes da batalha, o Papa pediu a todos os soldados que jejuassem, rezassem o Santo Rosário, confessassem, e comungassem, indo em cada navio um padre. Conta-se, que ao fim da batalha, o Papa Pio V, estando em reunião em Roma, teve uma súbita visão da vitória, e anunciou naquele instante, que a batalha havia sido vencida pelos católicos. A noticia da vitória, advinda de Lepanto, só chegaria, efetivamente, 14 dias depois em Roma.
Batalha de Lepanto |